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Femtechs: como a Indústria Farmacêutica pode liderar a revolução na saúde da mulher

Descubra como as Femtechs estão revolucionando a saúde feminina e por que a indústria farmacêutica deve liderar essa mudança.

Introdução

Se as mulheres são responsáveis por 80%¹ da decisão de compra no setor de saúde e se preocupam mais com o assunto do que os homens², por que a saúde feminina ainda é considerada um nicho pequeno na assistência médica?

E se eu te dissesse que a tecnologia poderia favorecer essa jornada – e, de quebra, abrir um mercado bilionário para o país³? Esse é o poder das Femtechs, soluções que estão transformando a saúde feminina em um campo fértil de inovação.

Já falamos aqui sobre como as DTx (Terapias digitais) estão acelerando a transformação na indústria farmacêutica, aqui vamos além: as Femtechs não são apenas uma tendência, mas uma revolução silenciosa que exige ação ágil e estratégica.

Femtechs: a tecnologia que está reescrevendo a saúde feminina

As Femtechs vão muito além de apps que auxiliam no ciclo menstrual, por definição o termo se refere a um conjunto de soluções inovadoras e tecnológicas voltadas a saúde feminina. Estamos falando aqui de plataformas que utilizam inteligência artificial para prever riscos de câncer de mama, wearables que monitoram saúde hormonal em tempo real e até uma clínica virtual avaliada em mais de 1 bilhão de dólares 4.

Aparentemente esse ecossistema começa a ganhar força, a previsão de crescimento no setor é de 8% até 2030, movimentando mais de 100 bilhões de dólares5. Embora o número seja promissor, ainda não é o suficiente, já que apenas 3% de todo o investimento em saúde digital é voltado para o setor6, e é aqui que a indústria farmacêutica entra: ao unir sua experiência em pesquisa a essas tecnologias, a indústria pode não só impulsionar esse movimento como também transformar dados em tratamentos mais humanizados e precisos.

Ta aí uma baita oportunidade de colocar o paciente no centro das suas decisões.

Uso de dados: o desafio regulatório que pode virar vantagem competitiva

Com certeza um dos grandes trunfos das Femtechs é a quantidade de dados gerados em tempo real, permitindo uma compreensão mais profunda da saúde feminina. No entanto, quando falamos de indústria farmacêutica, o uso dessas informações precisa estar muito bem alinhado às diretrizes da LGPD (Lei geral de proteção de dados) e às regulamentações da Anvisa.

Lá fora, o FDA já vem pavimentando esse caminho, aprovando terapias digitais (DTx) e discutindo a integração de softwares médicos com a indústria de saúde. Aqui no Brasil, ainda estamos engatinhando nesse sentido, não há diretrizes claras sobre como os dados podem ser utilizados para pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos, o que gera um limbo regulatório.

Isso pode parecer um obstáculo, mas também representa uma grande oportunidade para a indústria farmacêutica: ao atuar como parceira estratégica das Femtechs, as empresas podem ajudar a estruturar um modelo regulatório sólido, garantindo que esses dados sejam utilizados para impulsionar tratamentos mais eficazes e personalizados.

Medicina preventiva: o salto que a indústria precisa dar

O modelo tradicional da indústria farmacêutica sempre foi centrado no tratamento de doenças, mas as Femtechs estão mudando essa lógica, focando na prevenção e no monitoramento contínuo da saúde. Isso pode representar um ponto de inflexão: seguir investindo apenas em tratamentos curativos ou integrar soluções preventivas ao seu portfólio? O mercado indica caminhar para o segundo cenário e as empresas que souberem trabalhar dentro desse contexto, podem não apenas oferecer novas soluções ao público, mas também criar modelos de negócio inovadores baseados na continuidade do cuidado.

Engajamento do paciente: muito além da adesão

Se tem algo que a indústria farmacêutica sabe bem, é o desafio de manter os pacientes aderindo ao tratamento, principalmente quando analisamos perfis com doenças crônicas. Mas e se o engajamento começasse antes mesmo da prescrição de um medicamento?

As Femtechs têm mostrado que quando as mulheres são protagonistas do próprio cuidado, os desfechos de saúde melhoram. Aplicativos de gestão do ciclo menstrual, plataformas de telemedicina para acompanhamento e comunidades digitais fortalecem a educação em saúde, reduzindo a desinformação e facilitando a tomada de decisão.

Aqui que esta a grande sacada: ao integrar essas tecnologias ao seu ecossistema, a indústria farmacêutica pode fortalecer não só a adesão ao tratamento, mas a relação entre marcas, profissionais de saúde e pacientes. O desafio? Ir além do modelo transacional e construir conexões reais e contínuas.

Falta de diversidade nos estudos clínicos: um problema que as Femtechs podem ajudar a resolver

Segundo estudo da Mckinsey¹, historicamente a medicina foi construída baseada no homem como padrão biológico. O resultado? Mulheres seguem sub-representadas em estudos clínicos, o que impacta diretamente na eficácia e segurança de tratamentos desenvolvidos para elas.

As Femtechs podem ajudar a mudar esse cenário. A enorme base de dados gerada por essas plataformas permite um mapeamento mais preciso da diversidade da saúde feminina, incluindo variáveis como idade, etnia e condições hormonais. Isso abre espaço para ensaios clínicos mais inclusivos e, consequentemente, para medicamentos mais eficazes e personalizados.

A indústria farmacêutica que enxergar esse potencial e trabalhar para integrar dados reais ao desenvolvimento de novas terapias estará não apenas inovando, mas resolvendo um problema histórico da pesquisa em saúde.

Ceticismo no mercado: a berreira que (ainda) precisa ser superada

Mesmo com o crescimento das Femtechs e a evolução da tecnologia, ainda há resistência dentro da própria indústria de saúde. O setor farmacêutico, conhecido por sua natureza altamente regulada e avessa a riscos, muitas vezes enxerga essas inovações como algo distante da sua realidade.

Mas ignorar esse movimento não é mais uma opção, a mudança já está acontecendo e as empresas que demorarem para se posicionar arriscam perder relevância. O ceticismo precisa ser combatido com dados, casos de sucesso e, principalmente, com parcerias estratégicas entre indústria e healthtechs.

As farmacêuticas que entenderem que inovação e regulação podem (e devem) andar juntas sairão na frente. Quem ficar preso à mentalidade tradicional, por outro lado, pode assistir de camarote enquanto novos players assumem a liderança do mercado utilizando a transformação da saúde feminina.

E enquanto as DTx mostram que terapias digitais são viáveis, as Femtechs provam que saúde da mulher está além de ser um direito, é um mercado bilionário.


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