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DTx e indústria farmacêutica: um casamento ainda em construção?

Descubra como as terapias digitais (DTx) estão revolucionando o tratamento de doenças, potencializando medicamentos e criando novas oportunidades na indústria farmacêutica, especialmente na oncologia.

Nos últimos anos, as terapias digitais (DTx) têm se consolidado como um novo pilar no tratamento de diversas doenças. Diferente dos aplicativos de bem-estar, um DTx é uma solução baseada em evidências clínicas, validada por órgãos reguladores e prescrita por profissionais de saúde.

Mas aqui está um ponto fundamental: os DTx não competem com os medicamentos, e sim os potencializam, atuando como verdadeiros aliados no tratamento.


Quando a tecnologia fortalece o tratamento

Tive a oportunidade de atuar com a Vigilantes do Sono, um DTx aprovado pela Anvisa que oferece terapia cognitivo-comportamental digital para insônia. O que me chamou atenção foi como essa solução foi utilizada em complemento a um medicamento amplamente prescrito, mas que tem histórico de dependência.

A tecnologia, nesse caso, não substituiu o fármaco, mas ajudou a melhorar a adesão ao tratamento, mitigar efeitos adversos e até otimizar o tempo de uso. Essa experiência me fez olhar com mais atenção para um setor que enfrenta desafios complexos: a oncologia.

Recentemente, me deparei com um estudo da Capgemini InventDigital Therapeutics in Oncology, que analisou o impacto das DTx na jornada do paciente oncológico. A análise me prendeu tanto que resolvi trazer aqui os principais insights.


Oportunidade existe, o desafio é encontrar o equilíbrio

Para que um DTx tenha sucesso, ele precisa equilibrar três pilares fundamentais:

  • Desejabilidade: a solução precisa resolver uma dor real e ser aceita por médicos e pacientes. Na oncologia, muitos profissionais ainda não estão familiarizados com o conceito.
  • Viabilidade: o modelo de negócios precisa ser sustentável. Enquanto alguns países europeus já avançam no reembolso, outros mercados, como o Brasil, ainda estão ajustando suas regulamentações.
  • Factibilidade: a tecnologia precisa se integrar ao fluxo de trabalho médico. Sem essa conexão, a adoção se torna limitada.

Onde as DTx já estão mostrando valor?

O estudo analisou 12 soluções de DTx voltadas à oncologia e identificou cinco principais aplicações:

  1. Gestão de Sintomas: monitoramento remoto de fadiga, dor e alterações no sono.
  2. Experiência do Paciente: suporte emocional e adesão ao tratamento.
  3. Suporte à Decisão Clínica: algoritmos que auxiliam médicos na personalização da terapia.
  4. Educação e Treinamento: plataformas para capacitação de pacientes e cuidadores.
  5. Teleconsulta e Monitoramento Remoto: acompanhamento contínuo entre médicos e pacientes.

Volto a dizer que nenhuma dessas soluções substitui o tratamento convencional. Pelo contrário, os DTx atuam como extensões digitais dos medicamentos, criando um modelo “around-the-pill”, onde a tecnologia maximiza a eficácia terapêutica sem comprometer a estratégia farmacológica.


O que falta para um DTx se tornar mainstream na oncologia?

A resposta não é simples. Enquanto algumas farmacêuticas já testam DTx proprietários ou fecham parcerias com startups, a adoção ainda é bastante fragmentada.

O grande desafio? Construir evidências robustas e demonstrar valor para todos os stakeholders: pacientes, médicos, reguladores e pagadores.


Conclusão: estamos próximos de um boom dos DTx na oncologia?

E como sempre, termino com uma pergunta: estamos prestes a ver um boom dos DTx na oncologia ou ainda há barreiras difíceis de superar?

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